Padre Landell

Vida Religiosa & Cronologia

“-Desejo mostrar ao mundo que a Igreja Católica não é inimiga da ciência e do progresso humano. Indivíduos na Igreja podem neste ou naquele caso se opor à luz, mas eles fazem isso em cegueira à verdade católica”

– Roberto Landell de Moura

A trajetória educacional de Roberto Landell de Moura o levou a estudar em Roma, Itália, aos 17 anos. Ele graduou-se em Teologia, em 1886, aos 25 anos, e também estudou Física e Química na Universidade Gregoriana.

 

Desde o seu retorno ao Brasil, em 1887, até o falecimento, em 1928, dedicou a sua vida à Igreja Católica, passando por diferentes cidades e igrejas nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

 

Naquela época, grandes transformações sociais, políticas e econômicas ocorreram no Brasil, como o fim da escravatura, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889, eventos que marcaram a transição do sistema político da Monarquia para a República. Durante a Monarquia, a Igreja Católica teve grande influência no sistema político brasileiro. A sua doutrina orientou grande parte dos valores da sociedade, determinando crenças e hábitos de vida. O catolicismo era a religião oficial do país. A República separou a Igreja e o Estado. O positivismo, com sua ênfase na ciência e na ordem, ganhou força ideológica, marcando distanciamento com a religião.  O auge criativo do Padre Landell floresceu no início da República Velha (1889-1930). Tanto aqui como no mundo foi um período de revolução da técnica e da tecnologia. Houve, porém, quem dissesse que não era fácil fazer ciência no Brasil. E pior para quem, naquele momento, era padre e cientista.

 

Além de sacerdote, Padre Landell realizou inúmeros estudos em diferentes áreas. Foi um notável cientista e inventor. Esteve muito à frente de seu tempo. A sua mente brilhante e inovadora chocou os pensamentos conservadores. A ignorância gerava boatos e suspeitas. Em uma época em que o telefone com fio era implementado no Brasil, Padre Landell dizia que seria possível fazer comunicações sem fio interplanetárias! Advertido por seus superiores algumas vezes, foi obrigado a parar certos estudos e práticas. Deveria moderar os seus discursos e concentrar-se na doutrina canônica. Provavelmente por esses motivos Padre Landell teve que mudar tanto de cidades e igrejas em sua carreira eclesiástica.

 

Padre Landell quis unir a ciência e a religião e acreditava que as suas descobertas eram “uma dádiva de Deus”. Eis uma de suas declarações à imprensa:

“-Desejo mostrar ao mundo que a Igreja Católica não é inimiga da ciência e do progresso humano. Indivíduos na Igreja podem neste ou naquele caso se opor à luz, mas eles fazem isso em cegueira à verdade católica. Eu mesmo me encontrei em oposição com os meus irmãos na fé. No Brasil, uma multidão supersticiosa, acusando-me de estar em parceria com o diabo, invadiu o meu escritório e quebrou os meus aparelhos. Quase todos os meus amigos de educação e inteligência, dentro ou fora das ordens sagradas, olhavam as minhas teorias como contrárias à ciência. Eu sei o que é se sentir como Galileu e gritar: E pur si muove. Quando todos eram contra mim, eu simplesmente mantive a minha posição e disse: ‘Isto é assim, isto não pode ser de outro modo.’ “

Cronologia da vida religiosa do Padre Landell

 

1886 – Roma: é ordenado sacerdote, em 28 de novembro.

1887 – Porto Alegre (RS): nomeado capelão da Igreja do Bonfim e professor de História Sagrada e Eclesiástica no Seminário Episcopal N. S. Madre de Deus, em 28 de fevereiro.

1891 – Uruguaiana (RS): vigário da igreja matriz de Sant´Ana, em 25 de maio.

1894 – São Paulo (SP): apresenta documentos no Cartório da Comarca Episcopal, em 26 de junho. E exerce funções sacerdotais em Santos e na catedral da Sé.

1894 – Campinas (SP): nomeado pároco da igreja matriz de Santa Cruz: de 13 de outubro de 1894 a 19 de dezembro de 1896.

1897 – Rio de Janeiro: faz palestras, em várias paróquias, na capital da República.

1898 – São Paulo: pároco na igreja matriz de Santana (Capela Santa Cruz) e capelão do colégio das irmãs de São José: de 2 de março de 1898 a outubro de 1900.

1901 – Nova York: trabalha em suas invenções, de agosto de 1901 a novembro de 1904.

1905: Botucatu (SP): pároco da igreja matriz, de março a novembro.

1906 – Mogi das Cruzes (SP): pároco da igreja de Santana, de 19 de abril de 1906 até março de 1907. Praticou exorcismo, narrado em mais de 200 páginas manuscritas, desenvolvendo aparelhos para detectar o fenômeno. Foi obrigado a interromper as práticas e pedir demissão.

1908 – Caconde (SP): pároco de 2 de julho até setembro, na vila de Tapiratiba, que pertencia a Caconde.

1908 – Porto Alegre (RS): pároco da igreja do Menino Deus, de 18 de outubro de 1908 a 31 de dezembro de 1914.

1915 – Porto Alegre (RS): pároco da igreja de N. S. do Rosário, no centro da capital, de 6 de janeiro de 1915 até o final da sua vida, em 30 de junho de 1928.

1916 – foi investido do ofício de cônego Penitenciário, no início do ano.

1927 – elevado a Monsenhor, em 17 de setembro.

1928 – nomeado Arcediago do Cabido Metropolitano de Porto Alegre, em janeiro.

”Eu vi sempre nas minhas descobertas uma dádiva de Deus. Folgo em ver realizado, na pratica utilitária, aquilo que foi o meu sonho de muitos dias, de muitos meses, de muitos anos"

– Roberto Landell de Moura

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